segunda-feira, 19 de julho de 2010

Dobra número de motos no país

O office-boy virou motoboy. O transporte público se rendeu ao mototáxi. O jegue deu lugar à moto. E, para escapar de engarrafamentos ou de ônibus caros, lentos e desconfortáveis, muita gente decidiu se tornar motociclista.
Quase metade das cidades brasileiras já tem mais motos do que carros. Dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) mostram que 46% dos municípios, onde vive um a cada quatro habitantes do país, têm uma frota onde as motos predominam.
O índice se limitava a 26% no começo da década. Na média, a cada três dias uma nova cidade entrou na lista.
Embora esse domínio esteja concentrado em municípios pequenos e médios, são claros os sinais de avanço em grandes centros urbanos.
Duas capitais, inclusive, já têm as motos como preponderantes em suas frotas: Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC).
A expansão mostra a consolidação de um transporte típico de países asiáticos e que é motivo de preocupação por ser vulnerável e provocar mais mortes em acidentes _além de mais poluente.
Além da má qualidade dos ônibus, a principal razão do avanço das motos é seu preço e facilidade de financiamento _há prestações de R$ 100. O fenômeno foi estimulado pelos vários níveis de governo, com queda de impostos e legalização de mototáxis.
Especialistas reconhecem a importância das motos para a mobilidade das pessoas. O resultado social, entretanto, é considerado negativo. O número de motociclistas mortos no país saltou de 725 em 1996 para estimativas acima de 8.000 no ano passado.
O engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos cita dois agravantes da expansão desse transporte. O primeiro é que, enquanto a população da Ásia sempre conviveu com muitas bicicletas, aqui as pessoas não sabem lidar com duas rodas.
O segundo é a mistura de motos com caminhões e ônibus. Ele se refere a ações como redução de limites de velocidade, separação dos veículos grandes e fiscalização dos infratores _hoje muitos radares não flagram motos.
O aumento da frota de carros nos últimos cinco anos foi de 40%, menos da metade do ritmo de crescimento das motos _105%.

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